quarta-feira, 9 de março de 2011

Salvador e Senhor

Bom, depois de quase três meses sem nenhuma postagem, aqui estou eu de volta. Hoje eu pretendo falar de algo que Deus me mostrou nesse carnaval, e que é de importância fundamental pra todos os que querem estar cada vez mais próximos dele.

Nesse feriadão eu fui pra Lima Duarte, uma cidadezinha de Minas Gerais, com um pessoal do Ministério Entre Jovens, da PIB de Moça Bonita. O Entre Jovens tem feito um trabalho evangelístico/missionário nessa cidade, que tem a maioria dos habitantes distantes de Deus por influência principalmente de uma religiosidade enraizada. Enfim, a viagem foi a melhor que eu já fiz por todas as experiências que eu vivi, por todas as coisas que Deus me mostrou.

Falo aqui de uma das coisas que foi confirmada no meu coração nessa viagem, e ela se relaciona diretamente com aquilo que nós, cristãos, consideramos ser o primeiro passo que podemos dar em direção a Deus: a oração em que nós aceitamos que Jesus é Senhor e Salvador, e recebemos a ele em nossas vidas (o tão famoso "aceitar Jesus").

No Alfa e Ômega (movimento cristão universitário) eu já havia aprendido que não é apenas uma questão de crer que Jesus salva: é preciso recebê-lo como Senhor e Salvador. Fazendo uma analogia com o que disse Tiago, até os demônios creem que Jesus é o único Salvador, o Filho de Deus, e nem por isso deixam de estar condenados ao inferno, que é "para o diabo e seus anjos" (sobre isso eu falo numa próxima postagem).

Pois bem, Deus me levou além na questão dessa oração. O que ele me disse é algo que pode parecer confuso à primeira vista, mas que se mostra verdadeiro quando paramos para refletir sobre tudo o que já se disse a respeito da salvação. Basicamente, Deus me mostrou que nós temos dado a essa oração um valor equivocado, e que, visto que somos levados a fiar nela a nossa salvação (vide comentários como "Eu já aceitei a Jesus, eu sou salvo e nada pode mudar isso"), muitas pessoas são entregues à perdição por causa disso.

A questão é que, à exceção de raríssimos casos, não é nessa oração que toda a sua proposta se consuma. Quase sempre, ela é o primeiro passo que damos em direção a Deus; contudo, o primeiro passo é onde a caminhada começa, não onde ela termina. Salvo o caso em que a pessoa recebe a salvação de Cristo quando prestes a morrer, é preciso continuar se decidindo pelo Caminho todos os dias:

"Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me." (Lucas 9.23; cf. Mateus 16.24, Marcos 8.34)

O que costuma acontecer, e mesmo assim nem sempre acontece, é que a pessoa, fazendo essa oração, recebe a Cristo como Salvador, reconhecendo o verdadeiro significado da morte e da ressurreição de Jesus. Isso depende da fé, de crer que o amor de Deus também é por essa pessoa; é dom de Deus, por ser obra do Espírito Santo, que convence "do pecado, da justiça e do juízo" (João 16.8). A própria Bíblia mostra que, como foi dito ao profeta Joel, quando o Espírito for derramado sobre toda a carne e os prodígios de Deus forem realizados, "há de ser que todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo" (Joel 2.32).

Contudo, eu me perguntava como, ao mesmo tempo em que "todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo", "Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus" (Mateus 7.21). As duas passagens podem parecer contraditórias, mas elas, na verdade, se completam.

Eu percebi que somos salvos a partir do momento em que verdadeiramente reconhecemos Jesus como nosso Salvador, e assim o invocamos. A partir daí, como diz o apóstolo Paulo, no Espírito Santo somos "selados para o dia da redenção" (Efésios 4.30). Apesar disso, receber a Cristo como Senhor é um processo mais complexo e que vai além. Depende também da fé, mas depende ainda de entrega, de renúncia, de perseverança, de obediência, de amor.

Para receber a Cristo como Senhor, é preciso verdadeiramente abrir mão de si mesmo, entregar tudo o que se tem à mercê do Pai (consequentemente, do Filho); negar a si mesmo, tomar a sua cruz dia após dia, como o próprio Cristo disse em Lucas 9.23. É preciso seguir tudo aquilo que é ordem de Deus, o que parece muito óbvio em Lucas 6.46: "E por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando?". E, para que isso tudo seja realidade, é preciso ir além de reconhecer o amor e a graça de Deus: é preciso amar a Deus e a Seu Filho.

"Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele." (João 14.21)

Enfim, muitas pessoas fazem a tão famosa oração pra "aceitar Jesus" e acabam confiando que "isso basta". Dizem que Jesus é o Senhor, que Deus salva (aliás, "Jesus" significa "Deus salva"), mas vivem suas vidas sem se importar com os pequenos atos, se são ou não vontade de Deus. Vivem para si mesmas, buscando sucesso, descanso, e coisas afins; e se esquecem de que, na verdade, o cristão deve viver para Cristo em todo o tempo, sem "folga" no mundo, porque este não é lugar de descanso, mas de trabalho. O mundo não tem nada a nos oferecer, mas nós, pela graça do Pai, temos essa graça e o amor de Deus a propagar para o mundo; e esta é a nossa missão, que só terá fim quando daqui formos levados. Enquanto isso, temos a maior das promessas de Jesus para esta vida:

"Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada." (João 14.23)


(Por hoje é isso. Nas próximas postagens eu retomo algo do que eu disse aqui ou falo sobre outras coisas. Até lá!)

P.S.: Ser casa de Deus, templo do Espírito Santo é coisa séria, bem mais do que pensamos... Não nos deixemos enganar.